A ONG havia identificado as mesmas falhas estruturais há mais de dois meses
Reprodução | ONG IDDA
A ONG IDDA (Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais) trouxe à tona, por meio de suas redes sociais, a realidade alarmante dos animais abrigados no canil municipal de Mariana. As imagens divulgadas revelam uma estrutura totalmente comprometida, colocando em risco a saúde e o bem-estar dos cães e gatos acolhidos. Em visita ao local, em 04 de outubro, Dia Mundial dos Animais, uma das diretoras da ONG, Luciana Salles, descreveu um cenário de total precariedade.
"A situação é revoltante. Encontramos os animais em baias com grandes buracos, rachaduras e infiltrações. Eu até ironizei dizendo que os canis agora têm piscina interna nas baias, de tanto acúmulo de água que existe ali", relatou Luciana. A umidade, segundo ela, agrava a saúde dos animais, favorecendo a proliferação de doenças e colocando a imunidade deles em risco.
Há mais de dois meses, a ONG havia identificado as mesmas falhas estruturais e, imediatamente, enviou um ofício à prefeitura solicitando ações emergenciais. "Nós demos tempo para a prefeitura se posicionar, mas até agora não tivemos um retorno oficial. O máximo que vimos foi um resto de material de construção abandonado no local", afirmou Luciana.
A diretora reforça que a responsabilidade pela manutenção e reparo do canil é da prefeitura. "O poder público precisa garantir as condições mínimas para o cuidado dos animais. Não cabe à sociedade civil arcar com isso”, destacou.
Além dos problemas estruturais, como telhados com buracos e gradis enferrujados, o canil enfrenta falta de água frequente, o que prejudica ainda mais a limpeza e o cuidado com os animais. "Quem trabalha lá faz o possível, mas sem condições mínimas é muito difícil manter a higienização adequada e o bem-estar", acrescentou Luciana.
A ONG tem apoiado as campanhas de adoção para reduzir o número de animais no canil, na esperança de minimizar o número de animais ali expostos e as chances deles terem lares dignos. "Os animais merecem dignidade. Eles não falam, não votam, mas sentem. E, se for necessário, vamos acionar o Ministério Público novamente para que providências sejam tomadas", enfatizou Luciana.
A diretora também destacou que os problemas no canil vão além das baias. "O poder público precisa ter uma visão macro. Hoje, o canil não tem uma fossa séptica adequada, o que leva ao descarte irregular de resíduos. O gatil possui estrutura mínima e está no meio dos canis, resultando numa situação muito estressante para os felinos", alertou.
Outro ponto apresentado pela ONG é o melhor aproveitamento da estrutura, como os pátios de solário, que necessitam de reforma, e a quarentena, que está desativada há anos. "Vimos que o único local que recebeu alguma atenção foi a área da quarentena, onde removeram um bambuzal que ameaçava o telhado, mas não houve nenhuma obra significativa. O local está abandonado pelo poder público e não é justo nem com os animais e nem com quem trabalha ali essa situação", lamentou.
A solução, segundo Luciana, não é expandir o canil, mas garantir que ele funcione como uma casa de passagem, onde os animais possam ser tratados e encaminhados para adoção ou reinclusão responsável. "As pessoas precisam entender que o canil não é a solução para o problema dos animais de rua. Ele deve ser um local temporário, não um depósito de animais”, concluiu.
O que diz a prefeitura
A reportagem entrou em contato por telefone com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Mariana para obter esclarecimentos sobre as medidas que estão sendo tomadas em relação ao canil municipal. Em resposta, a prefeitura informou que tanto o secretário de Saúde, Germano Zanforlim, quanto o secretário de Obras, Leonardo Rodrigues dos Santos, estiveram no local para avaliar a situação.
"Foi constatado que não é uma manutenção simples, porque precisa remanejar os animais. Então, para poder remanejar os animais, vai ser feito um espelhamento dos canis, dos espaços onde os animais ficam, para poder alocar eles e, após isso, vai fazer a manutenção nas baias que já existem. Por não ser uma ação fácil, vai acabar demorando mais do que o convencional, para poder ajustar a situação lá. Essa é a questão, mas as providências já estão sendo tomadas", informou a assessoria.
Questionamos sobre o prazo para o início das obras e a duração dos reparos, a assessoria solicitou que os questionamentos fossem enviados por e-mail, o que foi feito, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos retorno.
