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Economia de Bento Rodrigues e de Paracatu é discutida em reunião na Câmara de Mariana

Antes do rompimento, as duas comunidades viviam, sobretudo, da agricultura


Pedro Henrique Hudson

Recentemente, a Câmara Municipal de Mariana foi palco de uma reunião para tratar sobre o futuro das comunidades afetadas pela lama de rejeitos da barragem de Fundão, ocorrido em 5 de novembro de 2015. Convocada a pedido do vereador Zezinho Salete, através do Requerimento nº 324/2023, o encontro teve como foco a apresentação do Plano de Diversificação Econômica pela Fundação Renova.


Este plano é uma tentativa de recuperar a autonomia financeira das famílias que anteriormente dependiam principalmente da agricultura e foram impactadas pela lama Durante a sessão, que contou com ampla participação popular e representantes de várias entidades, foram discutidos os cinco eixos principais do plano, que incluem desde a recuperação das atividades produtivas locais até a capacitação profissional dos moradores.


A gerente de reassentamentos da Fundação Renova, Raquel Starling, destacou a importância da iniciativa. Segundo ela, é fundamental que estas famílias recebam suporte para retomar suas vidas e possam, novamente, gerar renda com suas próprias atividades", afirmou.


No entanto, a recepção ao plano não foi unânime. Luzia Queiroz, moradora de Paracatu de Baixo e integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), criticou a efetividade das medidas, afirmando que embora pareçam “grandiosos, não é o que acontece na realidade”. Luzia ainda destacou que a preservação das manifestações culturais locais se deveu mais ao esforço comunitário do que ao apoio institucional.


Também foram levantadas preocupações sobre a distribuição de água no Novo Bento Rodrigues e em Paracatu, uma vez que a separação entre propriedades residenciais e rurais pode afetar o desenvolvimento econômico dessas áreas. Débora Dornelas, assessora da Cáritas MG, enfatizou a necessidade de uma avaliação mais criteriosa desta questão, para evitar possíveis sanções e garantir a segurança dos moradores.


A dinâmica comercial também foi tema de debate. Mauro Silva, representante da comunidade de Bento Rodrigues, lembrou que os comércios da comunidade atingida recebiam muitos visitantes nos finais de semana. Ele atribui esse potencial turístico ao fato da comunidade fazer parte do circuito turístico da Estrada Real. De acordo com Mauro, os comércios do Novo Bento Rodrigues não têm frequentadores. Ele avalia que a simples instalação de marcos da Estrada Real no reassentamento não será capaz de atrair esses turistas novamente, já que a nova localidade não está inserida geograficamente no percurso original da estrada.


Ao final do encontro, foi proposta pelo vereador Zezinho Salete a criação de uma comissão com representantes das comunidades afetadas para dar continuidade às discussões e avaliar a implementação do plano. 

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