Em Mariana, Lula apresenta ações de reparação e ministros fazem críticas a Zema
- Eliene Santos

- 12 de jun.
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Entre as medidas apresentadas, destaca-se a criação do Hospital Universitário da UFOP

Durante visita a Mariana, na manhã desta quinta-feira, 12, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou novos esforços do governo federal para apoiar as populações afetadas pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em 2015.
Em evento realizado na Praça da Sé, no Centro Histórico da cidade, ao lado de ministros e autoridades locais, Lula firmou um contrato com a Caixa Econômica Federal no valor de R$1,7 milhão. A verba será destinada a 16 mil agricultores familiares prejudicados pela tragédia ambiental.
O plano prevê o pagamento de um auxílio mensal por quatro anos: um salário mínimo e meio nos primeiros 36 meses, seguido por um salário mínimo durante os 12 meses finais. A expectativa do governo é que os repasses comecem em até 30 dias. A estimativa é que os recursos investidos nesse auxílio ultrapassem R$1,7 bilhão até 2029.
O presidente também oficializou a criação do Hospital Universitário da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que será construído em Mariana, onde há um campus da instituição.
O projeto prevê um hospital regional com atendimento de média e alta complexidade, desenvolvido com apoio técnico da Escola de Medicina da UFOP. O investimento será de R$167 milhões do governo federal, com contrapartida de R$20 milhões da prefeitura local.
Durante o evento, foi lançado ainda um edital para compor o Conselho de Participação Social da Bacia do Rio Doce. Outros contratos somando quase R$6 milhões foram firmados com a Cáritas e com a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social, a fim de fortalecer o apoio às comunidades atingidas.
Além dos anúncios, o ato foi marcado por duras críticas ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema, por parte dos ministros que acompanharam Lula. Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, classificou Zema como uma figura “insignificante” e o chamou de “mentiroso”.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também não poupou críticas ao governador. Durante seu discurso, ele afirmou que Zema tentou pressionar o presidente a assinar um acordo de reparação que não contemplava de forma justa as populações atingidas.
“Em janeiro, logo depois da sua posse, o presidente Lula nos chamou e disse que nós deveríamos olhar com todo o carinho para fazermos o acordo de Mariana. Um acordo que inclua as populações atingidas, que atendam aos quilombolas e às comunidades indígenas afetadas. Nós relatamos as pressões, inclusive do governador deste estado, para que assinasse o acordo do jeito que estava. Mas o senhor disse que o acordo, do jeito que estava, não contemplava as populações atingidas”, declarou Rui Costa.
Ele ainda ironizou o comportamento de Zema, fazendo referência a um vídeo publicado pelo governador em fevereiro, no qual ele aparece comendo uma banana com casca para criticar o preço dos alimentos. “Quero chamar os deputados e prefeitos, é importante monitorar e acompanhar, aqui vai precisar trabalhar muito. Comer menos banana com casca e trabalhar pelo povo de Minas Gerais”.
O Acordo do Rio Doce, assinado em outubro de 2024, estabeleceu o pagamento de R$170 bilhões em indenizações e medidas de reparação por parte das empresas responsáveis pela tragédia. Deste montante, R$132 bilhões devem ser pagos ao longo de 20 anos.
Segundo dados divulgados pelo governo, nos seis primeiros meses do acordo, a Justiça homologou mais de 52 mil acordos individuais, que resultaram em quase R$2,5 bilhões repassados diretamente às vítimas.
O rompimento da barragem da Samarco deixou 19 mortos e espalhou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério ao longo da Bacia do Rio Doce, alcançando inclusive o litoral brasileiro. Até hoje, nenhum responsável foi condenado ou preso.





