Pesquisa aponta que mães que foram assintomáticas para a doença também podem passar os anticorpos para os filhos
Grávidas curadas de infecção pelo coronavírus, sintomáticas ou não, podem transmitir anticorpos para seus bebês. A afirmação é fruto de uma análise preliminar de uma investigação conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, até esta quarta-feira, 26, identificou 68 recém-nascidos que receberam anticorpos IgG de suas mães.
O estudo da Faculdade de Medicina é feito com crianças nascidas nos municípios de Contagem, Itabirito e Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, Uberlândia, no Triângulo Mineiro e Ipatinga, no Vale do Aço. Eles foram escolhidos a partir de critérios como o número de nascimentos por mês.
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A investigação é feita a partir da detecção da presença de anticorpos em uma gota de sangue do bebê, coletada no instante em que é feito o teste do pezinho, e da mãe. Nas puérperas é feita uma punção digital.
De acordo com a Faculdade de Medicina, como a coleta de sangue é feita nos primeiros sete dias após o parto, a imunidade detectada necessariamente foi adquirida durante a gestação, segundo nota publicada no site da instituição.
Além de constatar a transmissão de anticorpos, o intuito é observar se a infecção pelo coronavírus durante a gravidez apresenta consequências para o desenvolvimento das crianças, e também será avaliada a duração da imunidade adquirida pelo feto. “A confirmação da passagem de anticorpos da mãe para o bebê durante a gravidez pode ajudar a planejar o momento ideal para a vacinação dos bebês contra a Covid. Em outras infecções, como no sarampo, por exemplo, já se sabe que os anticorpos maternos reduzem a eficácia da vacina contra o sarampo, e por isso ela é feita mais tardiamente”, explicou Cláudia Lindgren, professora do Departamento de Pediatria da Medicina.
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Segundo a pesquisa, 40% das mães que tiveram a doença, mas não apresentaram sintomas, também passaram os anticorpos para os bebês. “Outros estudos já mostraram a presença de anticorpos no bebê, mas a maioria deles investigou a transferência de anticorpos após as manifestações da covid na mãe. Nesta pesquisa, estamos testando todas as mães e bebês, independente delas terem apresentado qualquer sintoma da doença durante a gravidez, porque sabemos que cerca de 80% das infecções são assintomáticas”, explica a professora.
Os casos positivos analisados na pesquisa serão acompanhados por dois anos e observará se a infecção durante a gestação trouxe consequências para o desenvolvimento das crianças. Um grupo de controle, com mães e bebês com resultados negativos, também será acompanhado.