No ofício enviado ao executivo, o vereador Anderson Martins afirma que “o artista tem uma trajetória voltada para músicas obscenas e aparentemente voltadas à apologia às drogas"
Na última segunda-feira, 30, o vereador de Itabirito, Anderson Martins da Conceição, enviou um ofício ao prefeito da cidade, Orlando Amorim Caldeira, pedindo para que ele "reavaliasse" a participação do rapper FBC no carnaval da cidade. No documento, o legislativo afirma que “o artista tem uma trajetória voltada para músicas obscenas e aparentemente voltadas à apologia às drogas”.
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Anderson também alegou que FBC tem um álbum intitulado com as letras SCA, que são as iniciais das palavras sexo, cocaína e assassinatos, e acrescentou uma letra afirmando ser uma das composições do cantor.
Para terminar o ofício, o vereador destacou que os argumentos apresentados no documento são suficientes para “causar anormalidade aos foliões e também as forças de segurança”.
Ao jornal Estado de Minas, FBC disse que o pedido do vereador é uma tentativa de censura. “Acho que isso é uma tentativa de palanque, de chamar a atenção na internet, aparecer. A questão é que Itabirito está cheia de problemas, a cidade está cheia de buracos, a situação da população de rua está cada vez mais crítica, já que ele foi um dos vereadores que apoiou a retirada que a Guarda Municipal fez dos moradores de rua da cidade. São ‘n’ problemas e ele preocupado com o que os jovens vão ou não curtir no carnaval”, criticou FBC.
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Sobre a letra divulgada no ofício, o rapper destacou não acreditar que se trata de uma má interpretação do vereador, mas se de uma mensagem distorcida propositalmente. “Só de ver a formatação do texto eu já sabia que aquilo era uma grande piada, que era uma coisa leviana. Pegar uma obra, tirar de contexto alguma fala dentro de uma obra que é um álbum é desonesto demais. Não é que não teve interpretação de texto. Ele foi mau caráter. Mentira que ele não sabe o que é aquilo ali. Só que bolsonarista é isso. Ele tira de contexto as coisas, cria um argumento sobre coisas que não existem e as pessoas que não tem conhecimento, não tem informação, não tem tempo para pesquisar sobre o que tá acontecendo ali e compartilham fake news, que espalha”, disse.
Anderson negou que o pedido representasse uma tentativa de censura, destacando estar exercendo o seu papel de fiscalizar, isento de sua opinião pessoal. “Não acredito nessa narrativa de tentativa de censura, até porque temos leis que proíbem a apologia ao crime! Se é censura ser contra letras de músicas que menosprezam as forças de segurança, que incitam violência, que descaracterizam as mulheres, que cometem várias contravenções às leis vigentes, se alguém não se opõe a isso, passamos a viver uma contradição", disse ele.
O vereador também destacou que o prefeito havia decretado em 2020 a proibição de funk em eventos. Já a prefeitura alegou que houve "proibição de veiculação em blocos sonorizados de temas musicais que incitassem a violência, bem como fizessem apologia a drogas e ao sexo".
Repercussão na redes sociais
O documento apresentado ao prefeito de Itabirito também foi publicado pelo vereador em seu perfil do instagram. “Já encaminhei para o senhor excelentíssimo @orlandoacaldeira e @prefeituraitabirito um ofício comunicando a gravidade da apresentação deste artista. Espero que seja cancelada a vinda dele ao município de Itabirito. Por itabirito e por todos”, diz a legenda da publicação.
A postagem dividiu opiniões e o próprio cantor FBC respondeu ao vereador pelos comentários. “Isso é passado, pastor. Hoje eu só falo de amor e perdão ❤️", disse.
Anderson rebateu dizendo ao artista. "@fbctadoido sua música 🎵 com esta temática não é bem-vinda em minha cidade. Deus te abençoe", falou.
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Após a repercussão, a prefeitura de Itabirito divulgou uma nota nas redes sociais informando que "todas as atrações do Itabirito Folia, conforme a programação plural, divulgada por meio do aplicativo oficial, estão contratadas e terão as apresentações mantidas nas respectivas datas e horários".
