Professores também alegam atraso nos salários e desrespeito por parte do diretor presidente
A Faculdade de Administração de Mariana (FAMA) tem sido alvo de muitas críticas dos alunos matriculados em cursos ofertados pela Instituição. Além das péssimas condições de ensino, os alunos alegam que, no último, ano a má gestão e ausência do diretor presidente, José Jarbas Ramos Filho, tem agravado a situação.
De acordo com um Manifesto feito pelos estudantes, a FAMA não possui estrutura adequada para atendê-los. Alguns motivos como a falta de livros na biblioteca, salas incapazes de suportar a quantidade de alunos e professores sem conhecimento adequado para ministrar aulas são apontados por eles. Os estudantes também afirmam que há descaso por parte da direção, argumentando que foram feitas reuniões com o diretor, que havia se comprometido a solucionar os problemas apontados até o início de abril, e nada mudou até o momento.
“José Jarbas nos desmotivou. Ele tinha uma equipe muito dedicada, tanto a Faculdade quanto à ele. Se o real problema fosse uma crise econômica ou, até mesmo, a pandemia, entenderíamos e nos colocaríamos à disposição para trabalhar até de graça. Porém, o grande problema é que não fomos tratados com respeito por ele”.
Umas das principais queixas dos alunos é a respeito do ano letivo. De acordo com uma estudante, que vamos chamar de Maria, garantindo o seu anonimato, as aulas que estavam programadas para fevereiro, iniciaram com atraso e foram suspensas dias depois, por causa da pandemia. “Tivemos dez dias de aula em março e nada mais. Em meio a essa situação, muitos alunos iriam pedir transferência para outra faculdade, mas a direção nos garantiu que teríamos aulas a distância para não perdermos o semestre, porém, até agora não tivemos nenhum retorno”, disse Maria, que teve sua formatura adiada por causa dos atrasos.
Maria também relatou que os alunos entraram com uma ação na justiça solicitando a isenção do pagamento das mensalidades. “Pagar por algo que não temos é um absurdo. Muitas pessoas tiram grande parte do seu salário para pagar o curso e não estão tendo as aulas. Isso é um desrespeito”, afirmou.
AUSÊNCIA DO DIRETOR - Um dos pontos apresentados no Manifesto dos alunos é sobre a ausência do diretor. Maria nos informou que antes da situação chegar a esse ponto, os estudantes tentaram conversar com José Jarbas, mas sua ausência na Faculdade dificultou esse momento. “A administração da FAMA nunca tinha uma resposta para nossos questionamentos. Aí, decidimos falar com o diretor, mas sempre foi muito difícil encontrá-lo. Uma vez, tivemos que fazer um requerimento um mês antes para conversar com ele”, disse, ressaltando que a ausência de José Jarbas na Faculdade é frequente. “Quando precisei iniciar meu estágio, quase perdi a vaga, pois precisava da assinatura dele e nunca o encontrava lá”.
SITUAÇÃO DOS PROFESSORES - Além dos alunos, os professores também reivindicam por melhores condições de trabalho. Segundo eles, o salário e outros direitos trabalhistas estão atrasados. “Os professores estão com o salário atrasado, há meses. Tenho colegas que estão seis meses sem receber. O presidente alega que o rompimento da barragem é o motivo dos atrasos, porém o FGTS não é pago desde 2014, um ano antes da barragem se romper”, afirmou José Antônio Silva Vieira, que ainda ressaltou o descontentamento dos profissionais. “José Jarbas nos desmotivou. Ele tinha uma equipe muito dedicada, tanto a Faculdade quanto à ele. Se o real problema fosse uma crise econômica ou, até mesmo, a pandemia, entenderíamos e nos colocaríamos à disposição para trabalhar até de graça. Porém, o grande problema é que não fomos tratados com respeito por ele”.
O QUE DIZ A FAMA - Após os relatos dos alunos e professores da FAMA, a equipe do Portal entrou em contato com o diretor presidente, José Jarbas, por telefone, solicitando um posicionamento. Questionado sobre o início do ano letivo, o diretor nos disse que as aulas voltaram em fevereiro, como estavam programadas, e foram suspensas em março, por determinação do Governo Estadual e Municipal. José Jarbas também explicou que a FAMA não pôde ofertar aulas a distância porque a Faculdade não é credenciada para esse modo de ensino. “Nossas aulas sempre foram presenciais. Não podemos da noite para o dia mudar, sem autorização do Ministério da Educação”, disse.
Sobre os salários e direitos trabalhistas dos professores em atraso, José Jarbas explicou que, em relação ao salário, o atraso se deu devido ao rompimento da barragem de Fundão e a paralisação da Vale, que afetou a Instituição, além do início da pandemia, que mudou o que havia sido planejado. A respeito do FGTS, o diretor afirmou que não há atrasos. “O FGTS é parcelado. Seguimos o que manda a legislação. Nesse caso, não existe atraso”, disse.