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Foto do escritorEliene Santos

Eleições 2020: entrevista com Roberto Rodrigues e Deyvson Ribeiro candidatos a prefeito de Mariana

Saúde, educação, mobilidade urbana e moradia, esses são alguns dos temas abordados com os candidatos ao cargo do executivo


Roberto Rodrigues, ex-prefeito, e Deyvson Ribeiro, vereador da cidade, se unem pela primeira vez | Divulgação

Roberto Rodrigues tem 58 anos e é economista, formado pela PUC do Rio de Janeiro. Tem MBA em administração financeira pela Ibmec de Belo Horizonte, formação que foi fundamental para a vida pública, pois é preciso entender de economia e administração para se gerar empregos. Entrou para a política em 2007, quando foi convencido, pelo saudoso amigo João Ramos, a se filiar ao PTB. Mais para a frente, quando assumiu a prefeitura, nos últimos 11 meses de mandato, sabia exatamente o que fazer para transformar Mariana numa cidade melhor: trabalhar duro para quem mais precisa. Investiu muito em habitação, em novas obras de infraestrutura e pavimentação. Na Saúde foram mais de 28 mil medicamentos distribuídos e cerca de 23 mil doses de vacina. Na educação, total atenção aos alunos: reforma de 16 escolas, distribuição de computadores e ampliação do Programa de Educação em Tempo Integral. Tomou ações imediatas para antigas demandas e novos projetos. Nunca se fez tanto em tão pouco tempo.


Deyvson Ribeiro tem 40 anos e é formado em Enfermagem pela UNIPAC Lafaiete. Deyvson viveu toda a sua infância no distrito de Santa Rita Durão. Muito precocemente, aos 11 anos, começou a trabalhar com seu pai no garimpo, em plantações de arroz, feijão e verduras, roçava eucalipto, além de trabalhar como servente, pedreiro e carpinteiro. Com o falecimento do seu pai, aos 17 anos ele deixa o distrito de Santa Rita Durão e vai para Mariana em busca de oportunidades, agora com a responsabilidade de cuidar e orientar os irmãos mais novos. Foi garimpeiro, garçom, cobrador, recepcionista no Hotel Muller, entregou nas residências marianenses o Jornal Estado de Minas, com a mesma motocicleta entregava pizzas e sanduiches para a Lanchonete e Pizzaria Xororó e medicamentos para a Drogaria Brasil onde, mais tarde, adquiriu a rede das Drogarias Brasil da Primaz de Minas.

Como técnico de enfermagem trabalhou na empresa Nafron prestando serviços para o hospital Monsenhor Horta. Trabalhou também na área da mineradora Samarco, na mesma função de técnico de enfermagem.

Aprimorando sua carreira na área da saúde continuou a sua formação acadêmica, agora como enfermeiro pela UNIPAC Lafaiete. Com seu deslocamento constante para a faculdade, a visão de comprar uma van logo veio, transportando os amigos de faculdade residentes também de Mariana.

Em 2013 começou a expandir os negócios, com base em sua formação acadêmica investiu no seguimento do comércio farmacêutico. A Drogaria Orion é inaugurada em Mariana no mês de novembro. Em 2015 se tornou sócio na Escola Educar, uma parceria com o sistema de ensino Bernoulli para a educação infantil e ensino fundamental. Neste mesmo ano visando o crescimento de sua farmácia fez uma parceria com a rede de Farmácias Americana, onde o empreendimento se tornou referência na Primaz de Minas.

Em 2016 a cidade de Mariana passava por uma das suas maiores recessões econômicas, após o rompimento da Barragem de Fundão, o caos do desemprego e fechamento de diversos comércios acontecia neste ano. O Deyvson Ribeiro viu aí uma oportunidade para se tornar uma figura pública e contribuir para com os marianenses se candidatando ao cargo do legislativo de Mariana. Em 2017, apesar de todas adversidades econômicas da cidade, Deyvson Ribeiro continuou firme em seus empreendimentos, adquiriu a autoscola São Cristovão, e expandiu seu negócio farmacêutico adquirindo a rede Drogaria Brasil e incluindo-as na rede Americana.

No seu primeiro ano de mandato, como vice-presidente da Câmara de Mariana, legislou na causa do emprego, criando o projeto de lei do Primeiro Emprego e indicando obras importantes com a “Arena Badaró”, entre outras.



São inúmeras as obras importantes, que não foram concluídas em Mariana. Quais você pretende priorizar e de que forma?

Para mim, a prioridade é UPA, ela é a obra mais importante a ser finalizada.

Existe um problema estrutural de fundação que a engenharia pode resolver, mas também existe um problema burocrático de verba já gasto. Temos que ver se há dinheiro a ser devolvido para que, esta obra que já consumiu R$ 5 milhões possa ser finalizada, e a população finalmente possa usufruir.


Mariana é uma cidade que depende economicamente da mineração. Quais os planos para diversificar a economia local?

Existem várias formas de diversificar a economia, uma delas é o distrito industrial. A outra é incrementar a vocação turística como patrimônio histórico, e ainda uma terceira, que é incentivar o turismo nos distritos. Temos ainda como ponto forte, o turismo ecológico. Mariana é uma cidade rica em trilhas e belezas naturais. Um exemplo disto, é o Parque do Itacolomi, que circunda a cidade, e tem entre 70% da sua área pertencente ao município, inclusive seu pico. Temos o pico da Cartuxa, que é um point procurado para voo livre, e as atrações dos distritos e suas vocações naturais, como o artesanato de pedra sabão, e do sisal. Também a barragem do Barro Branco. Enfim, diversas formas de incentivar o turismo, não só o turismo externo, como interno, com marianenses visitando seus distritos. Já o distrito industrial, deveria ser em um local adequado, às margens da MG 129, entre Mariana e Ribeirão, onde teremos também a expansão habitacional com loteamentos populares e de classe média.

Mariana não tem um zoneamento adequado ao comércio, indústria e serviço porque cresceu desordenadamente. Com a implantação e crescimento do distrito industrial, tornaremos a cidade mais turística, teremos um centro mais agradável, e melhoraremos o fluxo do trânsito.


A casa própria é o sonho de muitos mariansenses. O que pretende fazer para tornar isso uma realidade para a população?

Pretendemos buscar um programa habitacional popular de baixa renda, como em 2012, quando cadastrei e habilitei a cidade de Mariana ao “Minha Casa, Minha Vida” com 1500 casas, para famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos. Preencheremos todos os requesitos para que a cidade se enquadre novamente em um programa habitacional popular.


Bairros e distritos enfrentam sérios problemas em relação a falta de água. Alguns moradores, inclusive, relatam que ficam dias sem água. Quais os planos para sanar esse problema?

Mariana é uma cidade com um grande potencial hídrico. O que nos falta, é reservatório de água. Nosso reservatório é o mesmo há 50 anos. A população cresceu, e não houve um aumento na capacidade durante esses anos. O que temos são apenas caixas d´agua de bairro, reservadas apenas à distribuição. Precisamos aumentar o reservatório mesmo que seja mais afastado da cidade, através de represa ou não. Com isso, teremos uma reserva adequada para suprir o consumo na época de seca quando os fluxos das nascentes caem, principalmente quando temos queimadas.

O mesmo acontece nos distritos de Mariana, que não possuem reservatórios adequados, sendo praticamente todos a fio d'água, o que entra vai sendo consumido. É necessário a implantação de reservatórios maiores para suprir essas deficiências.


Em relação mobilidade urbana, existe a polêmica em torno dos valores das passagens e a qualidade dos ônibus. Qual o seu projeto no setor de mobilidade?

O transporte é um serviço público, e, portanto, tem que servir à população. A empresa de transporte licitada que detém a concessão, recebe o privilégio de explorar economicamente o transporte da população. O transporte publico necessariamente tem que ser de qualidade e com preços justos, e alcançar todo a municipalidade.

Se a licitação não alcançar toda a municipalidade e não contemplar um transporte de qualidade, ela não atende o princípio básico de concessão do transporte público, que tem por premissa atender a população e depois visar o lucro.


Quais os planos para a educação e a valorização dos profissionais da área?

· Consolidar a educação em tempo integral para todas as escolas, inclusive dos distritos;

· Distribuir kits escolares completos e uniformes, mochilas e tênis.

· Garantir o funcionamento dos cursos profissionalizantes.

· Instalar mais creches nos bairros e distritos, onde existir deficiência de vagas.

· Criar novas escolas municipais, dentro do padrão da Escola Inclusiva.

· Valorizar os profissionais da educação.


Como pretende incrementar o setor do turismo para atrair mais visitantes e empreendimentos?

Em primeiro lugar, resolvendo o problema da falta d´agua. A rede hoteleira e restaurantes precisam ter abastecimento constantes e confiáveis, e não podem estar sujeitos a recorrer a caminhões pipas.

Um outro ponto importante, que falamos anteriormente, é a criação do distrito industrial, liberando o centro dos prestadores de serviços diários (bancos, lotéricas, etc.). Criando assim, um centro histórico, exclusivamente voltado ao turismo.

Precisamos também fomentar o turismo ecológico no entorno da cidade, e nos distritos, explorando as riquezas naturais de forma adequada. Além disso, daremos continuidade aos eventos que já fazem parte do calendário anual de Mariana, e que trazem um fluxo de turistas para cidade.


O último reajuste salarial para os servidores municipais foi em 2018, de 4%, um valor abaixo do que deveria. Você pretende compensar os anos em que isso não aconteceu? de que forma e quando?

O déficit deve ser calculado, e pensado em como isso vai impactar legalmente as contas públicas, e a possibilidade de recompor o salário dos servidores.


Na sua opinião (e nas conversas que tem feito durante a campanha) quais os problemas mais sérios a serem sanados na saúde, em Mariana? Como você pretende efetivá-los?

O problema mais sério na área da saúde, é a falta de UTI no hospital. Quando prefeito em 2012, deixei o valor em caixa referente a 10 UTIs, com orçamento já aprovado, para serem concluídas em 2013. O projeto não foi executado, e hoje, por falta de gestão, essas UTIs fazem muita falta para a população.


Em relação às invasões, muitas das vezes isso acontece porque em Mariana os lotes não são encontrados a preços acessíveis. Existe algum plano para mudar essa situação?

As invasões só acontecem em Mariana porque não existe loteamento popular há mais de 20 anos. Ela não é o problema, é a consequência. O problema está na falta de loteamento, e de uma política habitacional para a cidade que visa atender a população de baixa renda.

Quando estive prefeito em 2012, cadastrei e habilitei a cidade de Mariana no programa “Minha casa, minha vida”, de 0 a 3 salários mínimos, para 1502 habitações. Pretendendo buscar um plano habitacional popular para a classe mais necessitada. Na época, o déficit habitacional na cidade girava em torno de 5 mil habitações, sendo que, para a classe de 0 a 3 salários, este déficit calculado pela Caixa Econômica Federal era de 1500 habitações.

A solução hoje, é buscar planos habitacionais que atendam a essa classe de renda, de 0 a 3 salários mínimos.

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