O esporte em tempos de pandemia
- Eliene Santos
- 8 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
Por Luís Gustavo Gomides
Fisioterapeuta e Professor de Educacão Física
Presidente do Conselho Municipal de Esportes

Como sabemos, vivemos um importante momento de mudanças e desafios nas transformações ocasionadas pelo novo coronavírus. A batalha mundial que iniciou em meados de novembro de 2019, na província de Hubei, onde fica a cidade de Wuhan, desde então, vem trazendo terríveis consequências às autoridades de saúde de todo o mundo, que se debruçam sobre agentes patógenos, em busca da vacina, a fim de controlar o vírus. Diante dos fatos, do caos mundial sem precedentes, consequentemente, caiu sobre as autoridades das mais diversas pastas administrativas mundo afora, como a economia, educação, esporte, turismo, agricultura, desenvolvimento social, entre outros.
O esporte iniciou sua trágica derrota com o adiamento do maior evento esportivo do mundo: os Jogos Olímpicos, que seriam disputados na cidade de Tókio, entre os dias 23 de julho e 8 de agosto de 2020. Consequentemente, em série, foram suspensos milhares de ações e eventos que envolvem o mundo do lazer, esporte, entretenimento, turismo nas mais diversas dimensões, como os mega eventos esportivos, centros de treinamento amplamente tecnológicos e especializados, programas e projetos esportivos para saúde, educação, socialização, inclusão, além do fechamento de espaços de lazer, locais de recreação e entretenimento.
O esporte, o turismo esportivo e a indústria do entretenimento são responsáveis por considerável movimentação econômica em todo o mundo. A exemplo disso, nos Jogos Olímpicos do Rio, compareceram ao evento mais de 1 milhão de turistas, que deixaram mais de 4 bilhões de reais injetados na economia da cidade do Rio de Janeiro. Ainda neste mesmo contexto, a cidade de Mariana recebeu o evento de Moutain Bike, o Iron Biker Brasil, movimentando na casa dos R$ 2 milhões os comércios, hotéis, bares e restaurantes, na edição realizada no ano de 2019. Além disso, Mariana é destaque em promover excelentes eventos nas mais diversas modalidades, em um calendário esportivo denso e impactante positivamente no turismo esportivo.
Estamos diante de discussões em todo o mundo acerca de protocolos de retomada do esporte. Acredito fielmente que deve ser levado em conta prioritariamente as autoridades de saúde, sendo fundamental o respeito à vida humana. De forma sincronizada, integrada e controlada, algumas ações estão retornando com os devidos cuidados, principalmente para o cuidados de saúde com a população com quadros de doenças crônicas não transmissíveis e outras comorbidades (diabetes, hipertensão e etc), assim como questões sociais, econômicas, educacionais e esportivas.
Considero o esporte, lazer, recreação e entretenimento, um instrumento fundamental dentro de todo o sistema de crescimento e desenvolvimento humano e uma sociedade de bem viver. É possível notar nos discursos de gestores, das mais diversas pastas administrativas, a cautela, mas, também, empoderando o encorajamento no que tange a importância fundamental da atividade física, do esporte e do lazer.
Estamos vivendo um retorno gradativo, progressivo e responsável em conjunto com toda cadeia produtiva de uma sociedade, as atividades ligadas ao esporte, de acordo com as normas regulamentadas pelos comitês de saúde. É nítido o criterioso controle, testagem, mecanismos de proteção, higiene e ausência de público. Vários eventos, como os Jogos Olímpicos, mundial de fórmula 1 e campeonatos de futebol de todo o mundo, foram adiados e vem retomando suas agendas de previsão com amplo controle em vigilância epidemiológica.
Reflexo da gravidade da pandemia, Mariana, inevitavelmente, também interrompeu os Jogos Escolares, jogos da comunidade, programas socioeducativos, programas de inclusão da pessoa com deficiência, atividades de ginásticas gerais e danças. Sabemos que esta condição pode levar a sociedade ao sedentarismo e inatividade e, lamentavelmente, também, pode levar a uma aceleração de processos degenerativos no ser humano. Além da redução do estimula do ambiente domiciliar, podendo atrasar aprendizagem global de crianças e adolescentes nas suas mais variáveis possibilidades de desenvolvimento, em suas mais diversas manifestações motoras e psíquicas. Essas situações podem provocar estresse, ansiedade, alimentação compulsiva, sono irregular, irritabilidade e até mesmo violência doméstica. Sendo fundamental a presença da família, do amor e da amizade neste difícil momento que assola o mundo.
Algumas estratégias estão sendo tomadas, como o uso de máscaras, lavagem das mãos com sabão, uso do álcool, distanciamento mínimo entre as pessoas, limpeza de equipamentos e instrumentos gerais e pessoais, ambientes limpos e arejados, entre outras coisas. Sobre os espaços esportivos e seus funcionamentos, creio que a comparação não deva ser feita de forma isolada. Cada cidade tem sua particularidade sobre o quadro epidemiológico, o que é extremamente vulnerável e variável, podendo mudar em questão de dia ou horas. Cada ambiente tem sua ventilação, sua possibilidade de espaço entre pessoas, garantindo o distanciamento, as modalidades esportivas tem as suas regras de contato. São muitas as variáveis.
Acredito que os programas esportivos socioeducativos para crianças e adolescentes, devem retornar após a vacina. É grande a dificuldade em manter o controle de crianças, no sentido da necessidade da distância e disciplina para atividade física com máscaras, higiene de mãos e etc. Sabemos da importância da atividade física orientada para a saúde. Além, é claro, da ocupação e valorização dos profissionais de educação física, esportes e treinamento esportivo, que para sobreviver, necessitam de emprego e renda.
Estamos vivendo um momento novo. É preciso ter fé, paciência e esperança. A pandemia adiou sonhos, lamentavelmente encerrou vidas e pode nos dar chance de um novo recomeço. Vamos proteger a vida, juntos venceremos a batalha e escreveremos uma nova história.