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O trabalho de uma ONG protetora dos animais durante a pandemia

Por Luciana Salles

Presidente da ONG IDDA (Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais)


Além de adotar, você pode apadrinhar um dos animais da ONG ou ajudar de outras maneiras | Banco de Imagens

Para quem acompanha o nosso trabalho provavelmente já percebeu que não paramos nunca. Na verdade, não temos essa opção, os animais dependem de nós. Este momento que estamos vivenciando, de enfrentamento a Covid-19, é preciso reiventar e modificar a nossa forma de atuação. Afinal, todas as vidas importam.


Desde o início do isolamento social suspendemos nossas atividades presenciais (eventos de adoção, mutirões ampliados, eventos de arrecadação e conscientização), porém, o auxílio aos animais não pôde parar. O tempo deles não é nosso, e por isso cada minuto conta muito. Mantivemos nosso trabalho de assistência tomando todos os cuidados e realizando todas as proteções cabíveis. Esse trabalho é uma necessidade que vai muito além de nós, é algo dentro de nossa rotina de vida. Infelizmente, nesse período, o número de animais abandonados subiu e não tem como fechar os olhos para isso. Então, monitoramos todas as nossas ações e realizamos todos os cuidados para realmente ser algo benéfico para ambos os seres vivos.


Falando um pouco da situação de abandono de animais, as pessoas precisam entender que é crime, que há penalidades. Antes de assumir esse tipo de responsabilidade, o correto é analisar todo o contato familiar e de vida para ver se essa responsabilidade realmente se enquadra em sua situação. O que nos leva a entrar em outro assunto importante: a adoção por impulso. É algo que sempre existiu, mas, que, nesse momento, tem tido uma fragilidade maior e, por isso, também, uma cautela maior. Afinal, o que esperamos é que um animalzinho adotado viva muitos anos e tenha toda alegria e cuidados que não teve enquanto morava nas ruas ou sofria algum tipo de maus-tratos. Então é importante toda calma no ato da adoção responsável. Não tem lógica salvarmos uma vida em vulnerabilidade para ela correr o risco de sofrer novamente.



"Para quem acompanha o nosso trabalho provavelmente já percebeu que não paramos nunca. Na verdade, não temos essa opção, os animais dependem de nós. Este momento que estamos vivenciando, de enfrentamento a Covid-19, precisamos nos reinventar e modificar um pouco a nossa forma de atuação. Afinal, todas as vidas importam".


Sobre as adoções, nesse momento tivemos um grande aumento nelas. Acreditamos que pelas pessoas estarem com “mais tempo” e acesso às redes sociais, elas tem tido uma visibilidade e análise maior a respeito da adoção. Além disso, o momento vem acompanhado de muita fragilidade e conflitos relacionados a questão da saúde mental. Sabemos que, comprovadamente, ter um pet de estimação auxilia em várias questões diretamente ligadas à saúde (depressão, ansiedade, imunidade, stress). Também é preciso ressaltar que não existe companhia melhor que de um cão ou gato. São companheiros fiéis, que sempre vão te tirar alguns sorrisos e sensação de preenchimento, e você nunca mais estará só. Trás também uma relação de crescimento e responsabilidade. Animais, hoje, são considerados membros da família e precisam sim ser vistos como filhos de quatro (três ou duas) patas. Ah, e sem egocentrismo. Da mesma forma que o animalzinho trás uma série de benefícios para nossa vida, é dever do tutor proporcionar o mesmo à eles. Essa é essência da relação ser humano e animal, a troca mútua de amor, carinho e reciprocidade.


Voltando a nossa rotina de trabalho, basta dar uma conferida em nossas redes sociais, Facebook e Instagram, e acompanhar nossa loucura diária. Somos loucas cachorreiras e gateiras sim. E temos muito orgulho dessa nossa humanidade. Besta é quem está perdendo toda essa oportunidade de aprendizado com a compaixão aos animais. A gente se atropela na vida pessoal, interrompe uma série de coisas, perde noites de sono, agiliza e otimiza nosso tempo, mas vale tanto a pena. E valeria ainda mais se a comunidade abraçasse a causa e se o poder público seguir com ações mais ampliadas e focadas no manejo de animais e na educação ambiental e humanitária da população.


Esse planeta é nossa casa e o dividimos com vários outros seres que devemos respeitar e buscar apoiar. É responsabilidade de todos. Não só de quem se intitula protetor de animais, no nosso caso, protetoras, porque somos em 95% mulheres (fica a dica para os homens também se sensibilizarem mais a essa causa).


Por fim, gostaria de reforçar que para ser um voluntário na nossa ONG você não precisa estar presente diretamente. Tem diversas outras maneiras de somar. Você pode apadrinhar, dar lar temporário, doar o que não lhe é útil mais e também auxiliar em nossas divulgações. Ah, você acha legal nosso trabalho mas prioriza a causa humana? O importante é sair do falar e entrar no fazer, seja ajudando o próximo (humano ou animal). Tenha a missão de ser um semeador de boas sementes e com isso ampliar bons frutos. Não julgue as causas alheias, some com as que você acredita e incentive outras.


Pensou em adotar um animalzinho? Entre em contato conosco, temos vários. Os canis municipais das cidades de Mariana e Ouro Preto também estão repletos de anjos aguardando um final feliz. Queria mais não pode adotar? Auxilie um animal de rua (esse aí mesmo que dorme na sua rua), seja um padrinho ou madrinha dos nossos cães comunitários na cidade (já conhecem o primeiro cãodomino de Mariana?). Dá para fazer mais, dá para somar. Juntos somos mais e o trabalho de formiguinhas sempre vai ser o mais recompensador. Afinal, é uma luta coletiva por eles em nome de todos.

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