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Foto do escritorEliene Santos

Sexualidade, transtornos mentais e inclusão

Atualizado: 30 de ago. de 2022

Por Laryssa Kelly Alvarenga Dutra

Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)





Como podemos ser inclusivos na sexualidade de uma pessoa que sofre de transtornos mentais? Só de possuir um transtorno mental, a sexualidade do sujeito será afetada de alguma forma, em decorrência do próprio transtorno ou pela dificuldade em manter relações, devido aos preconceitos e discriminação.


Os baixos índices de satisfação sexual, associado ao uso de medicamentos, como antidepressivos e antipsicóticos, faz com que a população com transtorno mental seja mais vulnerável a violência sexual, ao assédio e a contaminação por IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis).


Falta muito interesse dos profissionais da saúde mental em se preocupar com esta temática, lembrando que o direito à sexualidade está ligado a melhores condições de saúde e bem estar. Acredito que estudos devem ser feitos para que a sexualidade de pessoas com transtornos mentais seja desmistificada.


Com o diagnóstico de esquizofrenia em mãos, passei por alguns processos e decidi aceitar a minha condição, mas a sociedade não aceita. É difícil encontrar relações estáveis e saudáveis. Logo ao ouvir meu diagnóstico, as pessoas mudam seu comportamento. Por isso, não escondo de ninguém a minha condição, pois, assim, as coisas ficam bem claras e quem possui preconceito tem a oportunidade de se retirar.


Irei relatar uma experiência. Tinha um encontro, e decidimos sair para comer em um restaurante. O rapaz era bonito, interessante e formado em Engenharia. Conversamos por um tempo e tudo ia bem, até ele saber da minha condição. Seu comportamento mudou, disse coisas capacitistas e me perguntou se não seria estranho se déssemos um beijo, pois, provavelmente, naquele momento eu estaria sob o efeito de remédios.


Você perguntaria a um cardíaco que necessita da sua medicação diária se haveria problemas em beijá-lo por conta dos remédios? Os remédios trazem estabilidade e dignidade a quem passa por um sofrimento mental. Não temos o direito de viver nossa sexualidade?


O que encontramos é um cenário triste, sem relações estáveis, ou seja, sem o direito à afetividade e ao amor. Enfrentamos o preconceito e a baixa libido como efeito colateral das medicações.


Você já parou para pensar que pessoas com transtornos mentais podem ser trans ou homossexuais, e isso não está ligado a patologias, e sim ao seu gênero e sua sexualidade. Destaco a importância desse debate para que as pessoas com transtornos mentais possam gozar de sua sexualidade sem taxações e violência.


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